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Construir a oposição de esquerda ao Governo PS

Declaração política do II Congresso do MAS

O II Congresso Nacional do Movimento Alternativa Socialista (MAS) reuniu, nos dias 29, 30 e 31 de Janeiro, dezenas de delegados e activistas, vindos de todo o país. O objectivo central foi analisar o novo ciclo político do país que se abriu com a conformação do novo Governo PS, de António Costa, auxiliado por BE e PCP, assim como pela eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para a Presidência da República.

Durante o governo de Passos e Portas a indignação generalizou-se e os trabalhadores e a juventude procuraram novas alternativas que rompessem com a austeridade. Foi essa procura que, num primeiro momento, esteve na origem das grandes manifestações e greves gerais. Foi essa procura que, num segundo momento, teve como consequência os resultados da noite eleitoral de 4 de Outubro, em que a direita foi derrotada e em que o PS não se evidenciou como alternativa, dado que os eleitores procuraram reforçar a esquerda. BE e PCP recuaram nas suas exigências – subida imediata do salário mínimo para 600 €, ruptura com o Tratado Orçamental ou nem mais um euro para salvar a banca privada – e permitiram ao PS um novo fôlego.

Em Portugal, como na Europa, a aplicação da austeridade enfraqueceu os governos do “centrão”. No entanto, os acordos à esquerda permitiram, para já, salvar o PS e a tradicional alternância ao centro. O MAS opõe-se a esta alternância e por isso se opôs aos acordos assinados pela esquerda. A obrigação de BE e PCP é lutar por um governo da esquerda, sem PS, para aumentar verdadeiramente salários e pensões, melhorar as condições de contratação, reverter todas as privatizações e libertar o país da ditadura de Merkel e dos mercados.

O novo ciclo político, com um Governo PS, mascarado de esquerda, e um presidente do PSD, mascarado de independente, expressa a velha tentativa de mudar algo para que tudo fique na mesma. Mudou-se o governo, mas os banqueiros corruptos continuam impunes! O Governo PS não hesitou em salvar o Banif com o dinheiro dos contribuintes, mas diz que o aumento do salário mínimo para 600 € para já é impossível. O novo ciclo político mantém as grandes empresas nas mãos de interesses estrangeiros, mantém a banca nas mãos de corruptos e mantém a UE e o Euro como os verdadeiros donos de Portugal. Para o MAS a solução está mais à esquerda!

Não queremos entregar o país à direita quando o Governo PS se esgotar. BE e PCP, presos ao PS, não se propõem a ser uma verdadeira alternativa. Mantém-se o plano de empobrecimento e submissão do país. Mantém-se os privilégios para os políticos e banqueiros do regime. O MAS está, por isso, determinado em ajudar a construir uma oposição de esquerda ao Governo PS!

Desafiamos todos os trabalhadores e activistas a não esperar pelas promessas do PS e a saírem à rua para exigir que o governo devolva o que a direita roubou. Desafiamos a CGTP a convocar uma grande jornada de luta para exigir do governo o imediato aumento do salário mínimo para 600 €. Desafiamos BE e PCP a votarem contra o Orçamento de Estado, mais um orçamento que conta com mais um banco salvo pelos contribuintes, feito à medida de Bruxelas. Exigimos o horário de trabalho de 35 horas para o público e o privado, sem redução de salários. Lutamos pela prisão e confisco dos bens dos responsáveis pelos buracos do Banif e do BES. Exigimos o controlo público do crédito. Queremos ver revertidas todas as privatizações da direita.

Há alternativas! O papel da esquerda em Portugal não se pode resumir a apoiar governos do PS. BE e PCP, em quem os trabalhadores, as mulheres e a juventude têm depositado a sua esperança, devem romper com António Costa e lutar por um governo das esquerdas, sem PS, que não tenha receio de devolver a soberania a Portugal, romper com o Euro, suspender o pagamento da dívida e desafiar os governos de Espanha e Grécia a seguir o mesmo caminho!

É necessária uma oposição de esquerda, independente do Governo, para lutar por estes objectivos. Faz falta um movimento sindical alternativo, democrático e combativo, que possa enfrentar o governo sem a apatia da UGT e as ambiguidades da CGTP.

Neste sentido, o II Congresso Nacional do MAS decidiu lançar uma campanha política pelo aumento imediato do salário mínimo para os 600€ já.

Uma oposição de esquerda faz falta! Este será o caminho seguido pelo MAS. Convidamos todas as trabalhadoras e trabalhadores que, cansados da governação dos últimos 40 anos, de alternância entre a direita e o PS, e que procuram uma alternativa à esquerda, que se juntem a nós.

Vem construir a oposição de esquerda ao Governo PS. Junta-te ao MAS!

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