No início deste novo ano lectivo 2009/2010, estão definidas duas principais estratégias para a luta dos professores e educadores. A estratégia protagonizada pelo conjunto dos dirigentes sindicais (liderada pela Federação Nacional dos Professores – FENPROF) e uma distinta que é defendida pelos chamados movimentos independentes de professores.
A primeira estratégia considera que no início deste ano lectivo os professores devem, essencialmente, evidenciar o livro negro da educação e uma carta reivindicativa a discutir com “os partidos políticos, com vista a apresentar-lhes as principais reivindicações dos docentes para a próxima legislatura” (Jornal da FENPROF). Esta estratégia reflecte as recentes afirmações do presidente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) e do secretário-geral da FENPROF.
No editorial do último jornal do SPGL, o presidente escreve: “Esperamos que o governo que resultar das próximas eleições legislativas, ainda em 2009, tenha uma postura e uma prática radicalmente diferente da que foi assumida pela equipa de Maria de Lurdes Rodrigues”.
Igualmente, numa recente entrevista em Agosto 2009, o secretário-geral da FENPROF diz: “Estou em crer que, dentro de poucos meses, ainda antes do final de 2009, estarão reunidas as condições políticas para resolver muitos problemas deste tipo”, referindo-se às próximas eleições e aos ataques à escola pública.
O que está implícito nesta estratégia dos principais dirigentes sindicais é que devemos acreditar que um próximo governo, apesar de ser constituído maioritariamente pelo PS ou pelo PSD, possa ser estruturalmente diferente do que temos tido nos últimos quatro anos…
Importante relembrar que esta estratégia de apenas denunciar/discutir o mal que foi feito à escola pública até às eleições (dando ilusões aos professores que a sua luta pode sair vitoriosa nas próximas eleições) é defendida pelos mesmos que, no passado, assinaram o Memorando de Entendimento em Abril 2008 com o governo Sócrates.
Entendimento assinado logo após uma gigantesca manifestação de 100 000 professores, que previa que toda a classe docente fosse cobaia do modelo de avaliação ainda “versão complex” durante todo o ano lectivo 2008/2009… Felizmente, pela estrondosa luta da base dos professores, em Novembro e Dezembro de 2008, esse entendimento com o governo foi “rasgado” nas ruas.
Mobilizar já
A outra proposta de luta, nomeadamente dos chamados movimentos independentes, não reflecte ilusões no próximo governo PS (com ou sem D) que se avizinha e, por isso, defende que não devemos esperar pelas eleições para mobilizar a classe docente. Nesse sentido, vários movimentos de professores começaram a mobilizar para uma iniciativa antes das eleições de 27 de Setembro. Como sempre sem sectarismos, convidando os dirigentes sindicais a aderirem a esta iniciativa para que a nossa luta contra as políticas (des)educativas injustas seja o mais forte possível.
Apesar de considerarmos que a nossa luta precisava de mais neste início de ano lectivo [ver em: http://3rs-spgl.blogspot.com], o agora recém-criado movimento “3R’s”, “Renovar, Refundar e Rejuvenescer”, movimento reivindicativo dos professores, estará na primeira linha a mobilizar para mais esta iniciativa de luta contra estas políticas. O futuro dirá, mais uma vez, quem tem razão: se os dirigentes sindicais a transmitirem à classe que esta poderá sair vitoriosa nas próximas eleições; ou os movimentos de professores, indicando que a vitória dos professores, como no início do último ano lectivo 2008/2009, só será conseguida pela sua própria luta e, por isso, não há tempo a perder…
André Pestana
Professor desempregado (mais um…)