Faz um ano que toda a zona da Brandoa e Falagueira/Venda Nova acordou sob o barulho ensurdecedor das máquinas que destruíam as hortas de toda uma comunidade. E para garantir a ordem de destruição, a mando da câmara da Amadora, uma imensa companhia policial assegurava que ninguém iria interferir na destruição programada.
Nestes terrenos (ao abandono há vários anos), famílias inteiras cultivavam um pedaço de terrenos que usavam para compor os seus orçamentos familiares e para fugir à pobreza que os escassos rendimentos os tinham votado.
Estas hortas situadas nestes terrenos foram sumariamente destruídas. E o que constituía os quintais/hortas foi enterrado em buracos, alguns com vários metros ou deixado ao ar livre em vários amontoados, constituindo um autêntico atentado ao ambiente. Somado a isto, a Câmara derrubou todas e quaisquer árvores não se preocupando com o tipo de árvore que seria e com o facto de parte daquela zona onde estavam situados alguns quintais estar classificada segundo o plano director municipal como “zona verde e protegida”.
Quando enaltecem tanto as hortas comunitárias e projectos semelhantes, agem mais uma vez contra isso mesmo e procedem à destruição de hortas já existentes.
Passado um ano, tudo está na mesma. O lixo continua onde a câmara o deixou (enterrado ou em montes) e os terrenos que antes serviam para centenas de moradores cultivarem alguns alimentos, continuam ao abandono. Esta situação promovida pelo anterior executivo camarário, do qual fazia parte a actual presidente de câmara, fez com que várias pessoas que retiravam dali alguns alimentos com que se sustentavam, passassem a ter menos comida à mesa.
Quais eram os planos da câmara para a zona? Ninguém sabe. Facto, é que após um ano, os terrenos encontram-se ao abandono, com o lixo no mesmo sítio, promovendo todo o tipo de parasitas e/ou doenças. E a suposta intervenção camarária no terreno foi enfiada na gaveta sem data de regresso.
Esperemos que seja dado o direito às populações de usar os terrenos para daí conseguir algum modo de sobreviver a esta austeridade contínua, ou que seja feito algum espaço verde. O abandono às ervas daninhas e ao lixo é que não pode continuar.
Gonçalo Gomes