O MAS afixou no final de Março o seu primeiro outdoor: “Prisão para quem roubou o país”. Essa não é apenas uma bandeira do MAS, é uma exigência de todo o povo. Nos cafés, nas empresas, nas paragens de autocarro todos o dizem.
Desempregados, trabalhadores, pensionistas e pequenos empresários dizem à boca calada que há que meter na cadeia quem afundou o país. Porém até hoje não havia partido que desse voz a essa reivindicação. Pior: todos os partidos desprezam esta exigência mínima. É demagogia, dizem…
Também por isso a impunidade continua e banqueiros e políticos vivem acima da lei. É conhecido o caso da prescrição da contraordenação do Banco de Portugal ao antigo chefe do Millenium BCP, Jardim Gonçalves. Quem tem dinheiro, de recurso em recurso, adia as decisões. Quem mexe influências nos corredores do poder, passa seco entre os pingos da chuva. Jardim Gonçalves tem ambas. O Juíz do BdP, António da Hora, decidiu travar o processo por 15 meses por considerar que as denúncias feitas violavam o segredo bancário. Segredo bancário a que pobres e trabalhadores não têm direito, pois as suas contas bancárias são conhecidas caso queiram recorrer a apoios sociais. João Rendeiro do BPP e Oliveira e Costa do BPN também pediram a prescrição dos seus. Já a sua dívida será paga por quem trabalha nas próximas décadas.
Passos Coelho disse que era um escândalo e Jerónimo de Sousa chamou o Governador do BdP a explicar-se no Parlamento. Mas só o MAS diz que as prescrições dos grandes crimes económicos têm de acabar. O resto da esquerda diz que prender estes criminosos e confiscar os seus bens é demagogia e populismo e que a dívida que eles causaram deve ser reestruturada, não para a deixarmos de pagar, mas para a podemos pagar até ao fim. É isso que diz o Manifesto dos 70. Os banqueiros estão acima da lei e a dívida que fizeram a ser paga por todos nós. Porque ninguém o diz?
Gil Garcia em “De Olhos Bem Abertos”, Jornal Ruptura nº135, Abril de 2014