A idade da reforma sobe para os 66 anos; o horário de trabalho, para as 40 horas semanais; cortam-se salários de 675 euros na Função Pública; e pensões a partir de 600; professores com mais de dez anos de sala de aula são chamados a fazer prova para avaliar conhecimento; o 609 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo vão ser despedidos…
Há mais: 70 mil famílias ficaram sem o Rendimento Social de Inserção entre 2010 e 2012; entre 2009 e 2012, mais de meio milhão de crianças e jovens perderam o direito ao abono de família; despacho do Ministério da Saúde restringiu o acesso a medicamentos de ponta na área da oncologia; os CTT, empresa que dá lucro, serão privatizados; o PIB continua a cair, e a dívida continua a aumentar (130% do PIB); e a tão propalada queda do desemprego só existe às custas dos 10 mil portugueses que estão a deixar país todos os meses…
O resultado da política desse governo é que 120 mil portugueses deixaram o país no ano passado para fugir do desemprego, dos baixos salários e da fome. Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, um em cada três portugueses deixaram de consumir algum elemento essencial por dificuldades económicas em 2012.
Mas as más notícias não são para todos: o empresário Américo Amorim, proprietário da Galp, do Banco Popular e da Corticeira Amorim, voltou a ser o homem mais rico de Portugal. Ele e os outros 24 super-milionários portugueses tiveram as suas fortunas valorizadas em 16% em 2013.
Diante deste cenário, a dupla Passos-Portas tenta montar um show off em que baralha resultados das exportações com o exemplo da Irlanda e a queda irrisória do PIB para demonstrar que tudo vai bem e será melhor na era pós-troika. Tudo isso sob o ar compungido de Cavaco Silva.
Mas a raiva da população pode transbordar, do mesmo jeito que os polícias romperam a barreira e subiram a escadaria da Assembleia da República agora em novembro. Da mesma forma como aconteceu em 15 de setembro de 2012, contra a alteração da TSU. Há consciência de que é preciso tirar esse governo para parar a destruição do país. A dúvida de grande maioria é quem colocar no lugar.
E a verdade é que as direções políticas e sindicais não ajudam muito. Diante da humilhação imposta aos professores pelo ministro Nuno Crato com a prova de avaliação, o presidente da FENPROF, Mário Nogueira, escreve um artigo a dizer que, se estivesse no lugar dos professores, faria a inscrição. Que direção é essa que se dá por vencida antes mesmo de terminar a luta?
Até quando?
Cristina Portela