Nadezhda Tolokonnikova, uma das três jovens que compõem o grupo Pussy Riot e que foram condenadas pela justiça russa por hooliganismo e incitamento ao ódio religioso, por terem cantado uma “oração punk” na Catedral do Cristo Salvador, em Moscovo, na qual criticavam a Igreja Ortodoxa russa e Vladimir Putin, está a caminho de um campo de trabalho na Sibéria a mando do Estado e dos serviços prisionais russos.
Rússia mantém métodos estalinistas para calar adversários
A história repete-se (ou continua) e o que vemos é a Rússia a recorrer a métodos estalinistas para tirar a voz e condenar todos (as) aqueles (as) que criticam o status quo, que denunciam a corrupção, o autoritarismo e os impulsos ditatoriais que continuam a reger a atuação do Governo russo.
Como todos sabemos, era prática comum do regime estalinista enviar para os campos de trabalho forçado na Sibéria os seus opositores e adversários, como forma de eliminar qualquer tentativa de questionamento e crítica à sua forma de atuação.
Nadezhda Tolokonnikova é mais uma vítima dessas práticas que parecem continuar a assombrar e a vigorar na Rússia e a condenar quem ousa levantar a voz contra Vladimir Putin e os seus aliados.
Tolokonnikova foi condenada a dois anos de prisão por ter criticado Putin e a Igreja Ortodoxa e estava detida na colónia prisional da Mordóvia (a 445 km de Moscovo), onde já tinha feito greve de fome como forma de protesto contra os maus-tratos a que foi sujeita. A ativista terá sido transferida a 21 de outubro para outro local até agora desconhecido. Tolokonnikova também sofreu várias ameaças de morte naquele campo prisional.
Nadezhda Tolokonnikova enviada para campo de trabalho na Sibéria
Pyotr Verzilov, marido de Nadezhda Tolokonnikova, denunciou, entretanto, através da sua conta na rede social Twitter, que a mulher “foi exilada para o fundo da Sibéria” como forma de punição por ter escrito uma carta em que denunciava as más condições da prisão onde se encontrava, refere uma notícia divulgada pela AFP (1).
De acordo Verzilov, Nadezhda está a caminho de um campo de trabalho “na região de Krasnoïarsk, na Sibéria Oriental, na localidade de Nijni Ingach, a 4 400 quilómetros de Moscovo”.
Uma outra notícia avançada pelo Telegraph (2) indica ainda que os possíveis destinos da jovem incluem as prisões de Krasnoïarsk (na Sibéria), como revelou o seu marido, e de Chelyabinsk (nos Urais).
Liberdade para a Nadezhda Tolokonnikova já!
Ninguém pode ficar indiferente e em silêncio a assistir ao ataque feroz que está a ser orquestrado pela Rússia contra a ativista Nadezhda Tolokonnikova! Nem os Estados que se dizem democráticos, nem as instituições internacionais que afirmam zelar pelo direito à liberdade de expressão, à democracia, e à liberdade de pensamento, e muito menos a esquerda europeia.
Condenamos o silêncio complacente que se faz sentir por parte dos Estados e Governos de todo o mundo face a este atentado atroz contra a liberdade de expressão e de manifestação e a democracia na Rússia.
Todo o apoio para Nadezhda Tolokonnikova! Denunciamos a condenação e prisão da jovem ativista russa e defendemos o seu pleno direito a manifestar-se livremente! Exigimos liberdade imediata para Nadezhda!
Maria Castro
- http://www.liberation.fr/monde/2013/11/05/l-une-des-pussy-riot-emprisonnees-en-russie-transferee-en-siberie_944696
- http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/russia/10425666/Fears-for-Pussy-Riots-imprisoned-Nadezhda-Tolokonnikova-after-two-weeks-of-silence.html