Os lucros dos CTT registaram um aumento de 27,7% entre julho e setembro de 2013 em comparação com idêntico do ano anterior. O terceiro trimestre deste ano rendeu nada menos que 45,2 milhões de euros.
Estes resultados surgiram numa altura em que a empresa, ainda nas mãos do Estado, consumou o encerramento de estações em vários pontos do país, dificultando o acesso da populações aos serviços postais, e encetou um processo de rescisões que afetou 5% dos cerca de 12 mil trabalhadores.
A administração tornou públicos estes dados dias depois da greve de 25 de outubro, na qual os trabalhadores manifestaram o seu descontentamento face à intenção do Governo em privatizar os CTT. O protesto visou igualmente a defesa dos postos de trabalho, ameaçados num cenário de privatização, e o combate aos cortes salariais e à perda de direitos.
Para lá da guerra de números entre entre os CTT e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) à volta da adesão à greve, sabe-se que a distribuição de correspondência foi severamente afetada. A par disso, o piquete sediado no Centro de Distribuição do Cabo Ruivo, Lisboa, logrou impedir a saída de dois camiões contratados a uma empresa externa aos Correios, uma situação que a PSP, chamada ao local, não conseguiu reverter, uma vez que os camiões não dispunham das necessárias guias.
Já o Centro de Distribuição Postal do Porto trabalhou a meio gás e, no Centro de Distribuição Postal de Coimbra, a greve pouco se fez sentir. A administração tem procurado manipular os funcionários fazendo-os acreditar que a entrada de capital privado na empresa não colocará em risco os seus postos de trabalhos e direitos.
Os CTT foram outrora serviços do Estado tendo sido transformados em empresa pública durante o Marcelismo, antes do 25 de Abril. O Governo de Passos e Portas pretende agora, e até ao final deste ano, entrega-la aos privados, uma decisão que não deixará de pôr em xeque postos de trabalho e de condenar à morte um serviço público de distribuição postal próximo das populações.
José Pereira