1º de Maio: Unificar as lutas e construir uma alternativa operária contra os ataques do capital e dos governos!

A classe trabalhadora e os povos do mundo enfrentam e resistem aos duros ataques que o capitalismo imperialista, através de seus governos e das burocracias sindicais, lançam contra os seus direitos históricos e nível de vida.

Esta ofensiva patronal tem como objetivo principal fazer com que sejam a classe operária e os setores populares que paguem pelas consequências de uma das piores crises da história do capitalismo mundial.

Desde aquele fato heroico dos Mártires de Chicago, em 1886, a nossa classe continua a sofrer a exploração e a opressão em todo o mundo. Os nossos inimigos são os mesmos de sempre: o imperialismo, com seus organismos internacionais como o FMI, o Banco Mundial e a troika e os seus governos servis, que atacam os nossos direitos e submetem os povos.

Na Espanha, em Portugal, no norte da África e Oriente Médio, a classe trabalhadora luta contra os planos de ajuste e os governos que os aplicam. Os estudantes mobilizam-se no Chile em defesa da educação pública e gratuita. A juventude levanta-se nos Estados Unidos e na Europa, indignada porque resgata-se os banqueiros responsáveis pela crise com milhões, enquanto os trabalhadores e os povos afundam na pobreza e no desemprego.

Na Europa, um dos epicentros da crise, os povos enfrentam uma verdadeira guerra social que está a destruir uma por uma todas as conquistas históricas da classe trabalhadora, atacando os salários, as aposentadorias, a saúde, educação e os serviços públicos. Em países da “periferia” do velho continente, como Grécia, Portugal e o Estado Espanhol, o nível de vida da população está a retroceder ao de países semicoloniais.

Com todo este saque, crescem as lutas e as greves gerais na Grécia; as greves nacionais, a resistência aos despejos de moradias e a ocupação de bancos na Espanha; as grandes mobilizações em Portugal e as lutas na Itália. Um claro exemplo disso foi a chamada “greve geral europeia” de 14 de novembro passado (14N) com muito peso na Espanha e em Portugal e com impacto em vários outros países, particularmente na Itália. Apesar dos obstáculos impostos pelas burocracias sindicais, corruptas e servis, foi o primeiro ensaio de uma luta coordenada contra os planos de ajuste aplicados em todo o continente.

Esta combinação entre a aguda crise económica, os planos de ajuste e as lutas gera um enfraquecimento dos governos e inclusive dos regimes políticos. Vários já caíram desde o início da crise. Como assinala a declaração de organizações sindicais de classe e alternativas do Estado espanhol, está proposta a luta pelo Fora os governos fantoches da União Europeia e do capital.

O auge do outro polo da crise económica e da luta dos oprimidos é a impressionante e histórica onda de revoluções no norte da África e no Oriente Médio. Este processo, iniciado há mais de dois anos, continua seu curso e, através da ação direta das massas populares, derrubou vários ditadores, todos fantoches do imperialismo. O pico das revoluções nessa região estratégica está atualmente na Síria, onde o povo armado enfrenta e resiste ao genocídio que perpetrado por Bashar al-Assad, protagonizando uma heroica revolução. A revolução síria precisa urgentemente de toda a solidariedade e apoio da classe trabalhadora mundial; a luta do povo sírio é a luta de todas as classes exploradas e dos povos oprimidos. Infelizmente, um dos principais obstáculos para que a revolução síria receba solidariedade política e material é o apoio vergonhoso do castro-chavismo e da maioria da esquerda mundial ao sanguinário ditador al-Assad.

O processo de revoluções na região também demonstra o peso da classe operária organizada, em países como o Egito e a Tunísia.

No Egito, a classe operária cumpriu um papel importante na queda de Mubarak e, atualmente, enfrenta o governo Morsi e a Irmandade Muçulmana – que mantêm a essência repressora, bonapartista e de agente do imperialismo do regime egípcio – com lutas e greves. Só em 2012, houve 1.500 greves e 3.400 protestos por reivindicações sociais e económicas e, desde 2011, foram criados mais de mil novos sindicatos independentes da FES (Federação Egípcia de Sindicatos), ligada ao Estado.

Na Tunísia, em meio a uma situação que se radicaliza, ocorreu uma greve geral convocada pela UGTT (a central sindical do país) contra o governo islamista, levando à renúncia do primeiro-ministro Hamali Jamali. A UGTT é a organização que, a partir de suas bases, vem se fortalecendo e transformou-se numa referência para todo o movimento em luta contra o governo.

O mais importante na Tunísia e no Egito é que a classe operária está a avançar na sua aprendizagem de luta e organização através de seus organismos de classe. É um caminho imprescindível, porque esse protagonismo deve ser desenvolvido para que os processos revolucionários avancem.

Já na América Latina, onde no início deste século expandiu-se uma onda de revoluções, a crise mundial começa causar impacto em suas economias dependentes e, tanto nos países onde a direita tradicional (México, Paraguai, Colômbia, Chile) governa, quanto naqueles onde o poder é detido pelos chamados governos “progressistas e patrióticos” (Dilma, Cristina Kirchner, Evo Morales, Maduro, Correia, Mujica), intensificam-se as medidas de ajuste e o corte de direitos da classe trabalhadora e dos setores populares. Isto se dá no marco de uma resistência e de lutas contra esses planos; combates protagonizados por operários, indígenas, mulheres e estudantes que enfrentam todos os governos, sejam estes da direita clássica ou de colaboração de classes.

Lugar às mulheres e à juventude!

Neste 1º de Maio, queremos reivindicar a ativa participação das mulheres nas lutas da Europa e do Norte da África e Oriente Médio. Esta participação nos postos de vanguarda não é casual, pois as mulheres representam a metade da classe trabalhadora e sofrem uma dupla condição de exploradas e oprimidas. Nesse processo, a luta contra a opressão da mulher precisa ser assumida de forma permanente como parte das reivindicações da classe trabalhadora.

Também a juventude, estudantil ou não, é um dos setores mais castigados pelo capitalismo imperialista e pela atual crise. Em muitos países, são os que mais sofrem com o desemprego. E, quando conseguem trabalho, as condições são precárias e com níveis salariais e condições de trabalho muito piores. O capitalismo imperialista expropria-lhes o futuro e, por isso, a juventude estudantil e os jovens trabalhadores e desempregados estão na vanguarda das lutas e das revoluções em curso.

Unir as lutas!

Neste marco de crise e de confrontos entre as classes, não há necessidade mais urgente que a de unir as lutas em cada país e no mundo para derrotar a política dos capitalistas de descarregar a crise sobre as nossas costas.

Para conseguir isso, o principal obstáculo são as direções sindicais e os partidos tradicionais da classe operária, que se alinharam com os governos e os exploradores e se negam a impulsionar planos de luta unificados e uma jornada mundial contra o ajuste dos banqueiros, das multinacionais e dos seus governos.

Por isso, ao mesmo tempo em que exigimos dos velhos dirigentes que rompam os seus pactos com os exploradores, é imprescindível avançar na construção de novas direções dos trabalhadores, com independência de classe, combativas e democráticas, para encabeçar as lutas.

Nesse sentido, um passo modesto, mas fundamental, foi o Encontro convocado em Paris no mês de abril por centrais sindicais como a Solidaires, da França, a Conlutas, do Brasil e uma série de outras organizações operárias e populares de vários países do mundo. Este Encontro sindical-político decidiu formar uma rede internacional de luta e solidariedade e aprovou um manifesto comum para o 1º de Maio, chamando a lutar contra os governos e os seus planos de ajuste.

Chamamos a desenvolver esta iniciativa e avançar cada vez mais na coordenação das lutas operárias a nível internacional.

A imperiosa necessidade de uma direção revolucionária

 O capitalismo imperialista afunda-se e arrasta consigo os trabalhadores e os povos. Este sistema de exploração, para salvar um punhado de empresas e bancos e manter a riqueza de uma minoria da população mundial, só nos oferece um futuro com mais desemprego, pobreza e fome.

 A crise mundial faz com que o capitalismo mostre o seu verdadeiro rosto a milhões de trabalhadores. É por esta realidade que as lutas, em todos os níveis, desenvolvem-se e se estendem por todo mundo, desde os países colonizados mais pobres até os mais ricos e desenvolvidos.

Mas o capitalismo imperialista não cairá por si próprio. É necessária uma revolução socialista que o derrote em cada país e no mundo e ponha todas as riquezas que hoje a tecnologia é capaz de produzir a serviço das necessidades da imensa maioria da população mundial: a classe trabalhadora.

Mas as lutas, por muitas e heroicas que sejam, não vão avançar por si próprias para essa revolução. É necessário, no marco de lutas operárias e das revoluções, lutar por uma estratégia socialista.

Neste sentido, sem uma direção revolucionária internacional, expressada numa organização internacional e em partidos operários revolucionários em cada país, que impulsione e dirija de modo consciente a revolução mundial, a burguesia continuará manobrando e sobrevivendo à beira do abismo.

Por isso, essa é a tarefa central ou, como sempre dizemos, a “mãe de todas as tarefas”, que novamente neste 1º de Maio propomos aos milhares e milhões que lutam em todo mundo: a construção dessa direção revolucionária internacional e de seus partidos nacionais.

Este é o principal objetivo da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) e a razão de sua existência. É no marco deste objetivo que a LIT-QI apoia e chama a desenvolver, em primeiro lugar, todas as lutas dos trabalhadores e dos povos contra as medidas de seus governos e pela construção de uma alternativa com independência de classe frente às velhas e traidoras direções políticas e sindicais.

Viva a unidade da classe operária!

Secretariado Internacional da LIT-QI

São Paulo, 30 de abril de 2013

 

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