De crise em crise, as políticas da UE e dos seus governos lacaios, como é o caso de Passos Coelho/Portas, continuam a querer destruir o emprego e os direitos sociais para transformar Portugal e parte da Europa em zona de trabalho próximo da escravatura, com salários miseráveis, sem cuidados de saúde pública, sem ensino público, sem segurança social e com esmolas em vez de pensões de reforma.
A acompanhar a crise económica está a crise do regime político e dos governos que impõem a “austeridade” para o povo enquanto os poderes político e económico continuam a encher-se de lucros, a viver no luxo e a distribuir privilégios e benesses a todos os seus pares.
A degradação da situação económica e social que afeta os trabalhadores e o povo está a sufocar o país. Mais de um milhão de desempregados, três milhões de pobres, salários e pensões cortados, meses de salários e subsídios roubados, sentenças de morte para doentes e idosos privados do SNS devido aos cortes no orçamento, regiões do interior abandonadas e milhares de pequenas empresas a encerrar são a atual realidade do Portugal submetido à política da União Europeia.
O povo e os trabalhadores já contestam de forma generalizada a atual política. As imensas manifestações de 15 de setembro 2012 e agora de 2 de março, a par de milhares de outras que perseguem todos os membros do governo, mostram que desespero e revolta crescem.
A situação apodrece porque não existe uma real alternativa de corte com esta política, com este regime e com a União Europeia e o euro. Os que têm governado o país há 37 anos, PSD/CDS e PS, aceitam os ditames da troika e sempre aplicaram as políticas do capital. No campo da oposição parlamentar contrária à troika, o PCP tem a sua oposição condicionada como apoiante e beneficiário do regime, principalmente via poder autárquico e aparelho sindical (olha os fundos sociais europeus…), e o BE, como disse em entrevista a deputada Ana Drago, o apoio ao “projeto europeu” coloca-o entre os defensores do euro e na busca de uma solução governativa com o PS, acrescentamos nós “custe o que custar”.
Uma saída para a crise que resolva os problemas dos trabalhadores e do povo só poderá concretizar-se com um programa de medidas realmente alternativas.
Quanto à dívida, não basta renegociar prazos e juros, como têm dito o PCP e o BE e aos quais hoje já se juntam PS e mesmo sectores do PSD e CDS/PP. A primeira medida face à divida é suspender o seu pagamento e a seguir efetuar uma auditoria para ver quem a fez e quem a deve pagar (se é o povo através dos impostos ou se são os grupos capitalistas e banqueiros que dela beneficiam).
Quanto à troika e UE é preciso cortar com a sua política de austeridade e implementar um plano económico alternativo. Utilizar as verbas que se destinavam ao pagamento da dívida para um plano de investimento público para criar emprego nos serviços públicos e na indústria, reverter as privatizações para recuperar as riquezas, renacionalizando os bens públicos nos setores da energia (EDP e GALP), bancário (começar pelos bancos intervencionados, BCP,BPI, BANIF) e transportes e comunicações (PT e ANA).
O Movimento Alternativa Socialista – MAS procura ser parte da construção dessa alternativa e tem sido nesse sentido a nossa intervenção nos movimentos sociais, no campo laboral e na juventude. É por isso que o poder nos quer silenciar, e foi essa a razão da recusa do Tribunal Constitucional impedindo a nossa legalização como partido político.
Conscientes da necessidade de construção de uma força política que “corra por fora” e não se submeta ao regime iremos prosseguir e intensificar a nossa acção, com o objectivo imediato de conseguir a legalização necessária para podermos disputar, também no terreno eleitoral, a construção dessa solução política que apresente uma saída favorável aos interesses do povo e dos trabalhadores.
Editorial Jornal Ruptura nº129, Maio 2013