O ano novo apenas trouxe velhas políticas e receitas para agravar o desemprego, a miséria do povo e o corte nos salários e pensões que já são baixos. Passos Coelho e Paulo Portas, obedientes à troika e a Merkel, com a cumplicidade de Cavaco continuam o caminho de arrasar o povo, vender o país e os seus bens públicos e colocar mais de metade da população no desemprego e na pobreza.
Os actuais “donos do país” são uma camarilha de ladrões que governam e comandam a economia. Com o seu roubo continuado ao longo dos anos criaram uma divida pública gigantesca que resulta da soma de numerosos casos onde se destacam bancos como o BPN, BCP, BPP e agora o BANIF (bem ligado às negociatas dos governantes da Madeira); os chorudos negócios das PPP, as privatizações de lucros sem encargos, e os muitos negócios lesivos para o sector público como são disso exemplo os casos dos submarinos ou das “sucatas”, realizados pelos governos PSD/CDS ou PS que estão no poder em Portugal há mais de 30 anos.
Para nos fazerem pagar o roubo deles que agora tem o nome de “dívida” e continuarem a roubar impunemente estão a impôr ao povo uma austeridade sem fim e a querer tirar-nos o pouco que nos resta para entregar aos cofres das grandes empresas estrangeiras (principalmente alemãs) e da banca nacional e internacional. Esta é a política da União Europeia e da sua moeda ao serviço das multinacionais e do sector financeiro dirigido hoje pelo império alemão (com a Merkel ao comando), que pretende continuar a sugar a riqueza produzida nos países intervencionados, como é o caso de Portugal.
É por isso que as provocações não param e agora vem o FMI a dizer que vão continuar a despedir entre 10 a 20% na função pública (em números de trabalhadores significa entre 50000 a 100000 despedimentos), que vão continuar a reduzir salários e pensões, que nos vão fazer pagar mais para cuidarmos da nossa saúde e que nos vão destruir a escola pública (aumentar os horários dos professores e despedir 50 mil) para dar dinheiro a escolas privadas.
O povo já disse basta, como se viu nas gigantescas manifestações de 15 de Setembro de 2012, mas a oposição popular a este governo e a esta política não conseguiu que daí resultasse o fim deste governo. A maioria da população está contra ele, mas tal realidade não impede o governo de continuar a desgraçar o povo. O governo está apoiado pelo regime: a “oposição” parlamentar do PS não o quer parar porque também aceita a troika e quer que este governo faça o trabalho sujo da destruição; o presidente da República quer que o governo continue a proteger a “orquestra” de que ele é o chefe; e a oposição parlamentar à troika (PCP e BE) não apresentam uma alternativa unificada nem tiveram a política de dar uma saída imediata e com continuidade à grande expressão de revolta popular que se desencadeou no passado 15 de Setembro.
Sem alternativa, o movimento popular teve um recuo e o governo mais uma nova possibilidade de ganhar fôlego para continuar a sua política e aprovar um Orçamento para sufocar o povo e continuar a vender o país e os seus serviços públicos, como é o caso dos Aeroportos (ANA) que já está realizado e agora projecta vender os transportes de Lisboa.
O já existente descontentamento e oposição popular ao governo tem de se transformar em revolta e expressar-se nas ruas e empresas. É preciso reunir e unir as diversas expressões dos movimentos sociais e do movimento sindical e voltar a conseguir uma grande mobilização nacional como a que realizámos a 15 de Setembro. Mas desta vez, quando conseguirmos ter o povo na rua, tem de ser dada uma perspectiva de continuidade imediata até que este governo caia e esta política de roubo acabe. Esta é uma necessidade nacional e um passo no caminho daquilo que, cada vez mais, muitos consideram que é preciso: um novo 25 de Abril.
João Pascoal