Ato dos 30 anos da LIT reúne mais de 800 em Buenos Aires

Um dia para entrar na história. Não só na história da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT), mas de todas as mais de 800 pessoas que lotaram o salão Unione Benevolenza, em Buenos Aires. Um local que diz muito. “Esse é um espaço tradicional da classe operária argentina”, destacou Alicia Sagra, dirigente trotsquista argentina que conduziu o ato de comemoração dos 30 anos da LIT.

Um ato que já começou arrancando lágrimas dos presentes. Após a exibição de um vídeo resumo do documentário sobre a história da LIT, bandeiras dos partidos que compõem a Liga entraram no salão, sendo agitadas sob os aplausos das centenas de pessoas, entre argentinos, brasileiros, chilenos, colombianos e ativistas de várias nacionalidades que convergiram a Buenos Aires nesse dia 1 de dezembro.

Logo no início do ato, a ativista palestiniana radicada no Brasil Soraya Misleh anunciou a sua filiação ao PSTU e à LIT. Não conseguindo conter as lágrimas, Soraya disse que começou a emocionar-se assim que chegou ao aeroporto, para ir a Buenos Aires. “Encontrei uma palestiniana de Gaza e uma companheira da Cisjordânia, e esse encontro nunca seria possível, pois quem está em Gaza não pode visitar a Cisjordânia e eu não posso ir a Palestina pois estou na luta”.

Soraya falou sobre a luta e os desafios do povo palestiniano: “O futuro da Palestina está nas mãos da juventude, mas ainda falta uma direção revolucionária”. Também tocou no tema das revoluções árabes, cujo polo principal hoje é a revolução síria. “O caminho da libertação da Palestina passa pela revolução árabe, e a queda de Bashar Al Assad será um grande passo nesse sentido”.

Eduardo Almeida, da direção do PSTU brasileiro, lembrou de um outro momento, também em Buenos Aires, há 25 anos, quando da morte de Nahuel Moreno e do início da crise que abalou a LIT. “Estávamos tristes, mas hoje estamos em Buenos Aires e estamos felizes.” Eduardo citou o processo de fortalecimento da LIT e a expansão da Liga para os países da Europa, como Portugal Itália e Espanha e a intervenção desses partidos no atual processo de mobilização contra os planos de austeridade.

Eduardo citou ainda a importância do património moral que a LIT resguarda, assim como os princípios do marxismo, num momento em que grande parte da esquerda socialista abandona a perspetiva da revolução.

“Esta é a maior homenagem que podemos fazer a Nahuel Moreno”, disse Eduardo Barragán, da direção do PSTU argentino. Barragán mencionou as atuais lutas dos trabalhadores europeus e as revoluções do Norte da África, a demonstrar haver hoje mais do que nunca a necessidade do internacionalismo e de uma direção revolucionária que permita que a classe operária “golpeie como um só homem a ofensiva do imperialismo e os ataques da burguesia“.

Vera Lúcia, do PSTU de Aracaju, emocionou a todos falando sobre a necessidade da luta contra as opressões. “Gostaria de estar falando espanhol aqui, mas eu, assim como grande parte da classe trabalhadora, não tive condições de ter instrução”, disse, enfatizando a condição de superexploração a que estão submetidas as mulheres, negras e lésbicas. Ao final de sua fala, todos puxaram um coro: “A nossa luta/é todo dia/contra o machismo, o racismo e a homofobia”.

O final do ato ficou por conta de Angel Luís Parras, o Cabeças, da direção do Corriente Roja da Espanha e da LIT. “A situação atual é muito complicada, mas muito apaixonante”, afirmou.“Temos assistido a explosão das revoluções do Norte da África e Oriente, fruto da crise económica e ascenso popular, mas também fruto dessa mudança que foi o fim do aparato estalinista. Submetidos à miséria e à ditadura, os povos irromperam o cenário político”, citando a crise na Europa e as revoluções do Norte da África.

Cabeças atacou a posição de grande parte da esquerda e do castro-chavismo, de apoio ao ditador Assad na Síria. “Dizem que há uma unidade de ação entre os rebeldes e o imperialismo. Mas claro que há. A mesma unidade de ação que houve no desembarque dos aliados na Normandia e os partisans contra Mussolini”.

“Neste ato, queremos enviar uma saudação a nossos detratores: sigam convocando atos em defesa de Assad, pois a LIT continuará na resistência”, afirmou Cabeças.

Cabeças finalizou citando a fé revolucionária que a LIT mantém na classe operária, a mesma esperança que a permitiu passar por crises e dificuldades, e que a possibilita agora, em plena crise do capitalismo, crescer e se fortalecer em vários países do mundo.

Redação do site do PSTU (Brasil)

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